Comprar livros é caro no Brasil?



Com o aumento do custo de vida nos últimos anos, ficou mais difícil reservar parte do orçamento para comprar livros, que já são considerados “artigos de luxo” por muitos 

Até mesmo os amantes das letras vão concordar que não é nada fácil encontrar um espaço nas contas do mês para comprar livros em nosso país. Muitas são as explicações para que as editoras tenham que fazer um verdadeiro malabarismo para reduzir ao máximo o preço de capa dos exemplares, sem perda de qualidade, a fim de torná-los mais acessíveis e, assim, aumentar seu volume de vendas.

Mas quem não abre mão de uma boa leitura ou precisa adquirir obras específicas de uma bibliografia obrigatória de um curso, ou capacitação profissional sempre está em busca de descontos para fazer o dinheiro render ao máximo, como feiras, eventos e Black Friday de livros.

Neste artigo, vamos entender por que o livro custa tão caro no Brasil e o que os leitores mais aficionados podem fazer para economizar na hora de alimentar a sua paixão por seus autores favoritos.

O que explica o valor dos livros no Brasil?

Muitos defendem que os baixos índices de leitura entre a população se devam ao elevado valor de capa dos exemplares vendidos pelas maiores redes de livrarias do país. E, se considerarmos na conta a queda da renda das famílias após a pandemia, agravada pela alta dos juros e da inflação, não seria demais afirmar que, de fato, comprar livros no Brasil é um privilégio de poucos.

Diversos estudos de mercado mostram que, entre todos os fatores que contribuem para o estabelecimento do preço de um exemplar, a menor parcela (cerca de 10%) fica com os autores das obras. Todo o restante é dividido entre:

  • editora (30%);
  • distribuidores (15%);
  • livrarias (35%); 
  • custos industriais (10%), como papel, impressão e embalagem.

Custos de produção de um livro

A edição de um livro envolve, além dos custos industriais, despesas com preparação de originais, revisão, trabalho gráfico, ilustração, tradução, entre outros. Além disso, nos custos de distribuição, devem ser inseridos o valor do frete até os pontos de venda ou entrega na casa do leitor. No caso das livrarias, devem ser adicionadas as despesas com infraestrutura e margem de lucro. Somados todos esses pontos aos direitos autorais de quem produziu a obra, temos a composição detalhada do valor de capa dos exemplares que chegam às estantes das livrarias de todo o país.

É preciso lembrar, porém, que a Constituição Federal prevê isenção tributária para livros, jornais e periódicos, bem como para o papel destinado à sua impressão. A Política Nacional do Livro também concede o benefício tributário para obras difundidas por meio digital ou eletrônico. Dessa forma, ao contrário de outros ramos de atividade econômica, livros, revistas e periódicos em geral não pagam impostos, o que deveria contribuir para a sua acessibilidade à população.

Evidentemente, o tamanho da tiragem pode aumentar a diluição do valor de cada exemplar, mas o fato é que a indústria editorial vem enfrentando recorrentes crises há mais de uma década, com uma retração expressiva do mercado de livros durante a pandemia, quando os principais eventos responsáveis por impulsionar as vendas do setor foram cancelados.

Crise do mercado de livros reduz oferta e revelação de novos autores

Passada a crise sanitária, o aumento da inflação, sobretudo a dos preços das matérias-primas e combustíveis, acabou pressionando ainda mais os custos de produção das obras, obrigando diversas editoras a remarcar seus preços.

O resultado é que o livro, cujo acesso já era extremamente difícil para a maioria da população, acabou se tornando um verdadeiro artigo de luxo nas estantes dos leitores, ainda porque quase a totalidade da renda das famílias passou a ser consumida por energia elétrica, compras de supermercado, transporte, moradia, entre outros custos.

Evidentemente, a queda das vendas e a redução do mercado, eliminando pequenas editoras e consolidando o poder de grandes grupos editoriais, especialmente estrangeiros, acabam reduzindo a oferta e prejudicando a revelação de novos autores.

Em vista disso, os amantes das letras, que fazem questão de ter na cabeceira sempre um bom livro à mão, se perguntam se é possível fazer render mais o pouco dinheiro disponível para alimentar essa paixão por seus autores favoritos.

A resposta é que, felizmente, existem diversas alternativas para quem deseja comprar livros a preços mais baixos, como:

  • feiras e eventos voltados ao público leitor;
  • clubes do livro, que conseguem obter valores mais baixos para os assinantes juntos às editoras;
  • datas especiais do comércio varejista, como a Black Friday, quando livrarias e editoras costumam fazer liquidações ou oferecer bons descontos para os leitores.

Por fim, caso não sobre o suficiente no fim do mês para inserir um livro novo na estante de casa, sempre vale a pena visitar sebos e bibliotecas públicas perto de casa para manter viva a paixão pela leitura.

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